Ruschel abre bastidores da Chape e revela frase de diretor que quase o fez chorar: “Estava ali por piedade”

O lateral-esquerdo Alan Ruschel voltou a falar sobre a defesa feita pela Chapecoense ao contestar a dívida de R$ 3,3 milhões cobrada na Justiça e também revelou bastidores da passagem pela Arena Condá após o acidente aéreo que vitimou 71 pessoas em 29 de novembro de 2016.

De acordo com ele, a vontade de deixar a Arena Condá e atuar no Goiás, em agosto de 2019, teve início após ouvir que um diretor do Verdão do Oeste afirmou que o lateral-esquerdo ainda estava no clube por piedade.

O desabafo foi feito no podcast Denílson Show, na última terça-feira, ao lado do ex-zagueiro Neto e do ex-goleiro Jakson Follmann, também sobreviventes da tragédia na Colômbia.

– A gente se calou por muito tempo por coisas que aconteceram não só agora, mas logo depois do acidente. A primeira vez que eu saí, um diretor falou que eu estava lá por piedade. Quando essa fala chegou até mim, chateou muito, senti vontade de chorar – disse.

Após o episódio, Ruschel procurou o técnico Ney Franco, que estava no comando do Esmeraldino, para ajudar na transferência por empréstimo.

A passagem pelo clube goiano foi positiva. O lateral fez boa campanha e retornou a Santa Catarina com status e confiante para uma nova temporada pela Chapecoense.

– Voltei como capitão e um dos líderes do vestiário. Eu tive que ser a ponte entre diretoria e jogadores para fazer a equipe focar somente no futebol. Fomos campeões da Série B com nove meses de salários atrasados.

Follmann, Alan e Neto são os jogadores sobreviventes do acidente — Foto: Sirli Freitas/Chapecoense

Follmann, Alan e Neto são os jogadores sobreviventes do acidente — Foto: Sirli Freitas/Chapecoense

Alan Ruschel completou que, mesmo com 18 meses de direto de imagem em atraso, recusou uma proposta para deixar a equipe porque a diretoria da época ofereceu aumentar o salário após a Série B.

– Joguei a temporada inteira e subimos, mas depois da conquista queriam reduzir meu salário. O que isso significa? Queriam que eu fosse embora.

O processo

Em maio de 2021, o jogador buscou a Justiça para cobrar R$ 3,3 milhões, valor referente a salários não pagos, parcelas rescisórias, seguro obrigatório e danos morais. A defesa da Chape contestou a dívida e usou o argumento de que Alan não é uma vítima porque ganhou notoriedade com a tragédia.

– Entrei com o processo para cobrar o que é meu por direito. Ficamos meses sem receber. A bomba caía sempre no colo do capitão – explicou.

No dia 3 de março, Luiz Peruzzolo, novo vice-presidente jurídico da Chapecoense, disse que a contestação não representa a opinião da instituição e da cidade de Chapecó, e que os profissionais responsáveis pela defesa foram afastados. Ele completou, em entrevista ao Central do GE, que busca um acordo com o jogador. A Chapecoense preferiu não comentar as declarações de Alan Ruschel.

FONTE – GE ESPORTES

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