Governo de SC vai retirar obrigatoriedade do uso de máscaras, inclusive em locais fechados; UFSC questiona

Flexibilização fica autorizada a partir de sábado (12) e trará apenas uma recomendação para o uso do equipamento, informou o governador catarinense. Uso já era facultativo em locais abertos sem aglomeração.

O governador de Santa Catarina, Carlos Moisés da Silva (Republicanos), confirmou nesta quinta-feira (10) que editará um decreto para retirar a obrigatoriedade do uso de máscara no estado. A flexibilização fica autorizada a partir de sábado (12) e virá acompanhada apenas uma recomendação para o uso do equipamento. Um núcleo de estudos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) questionou a medida.A medida terá efeito imediato e vale para ambientes internos. Desde novembro, amáscara já não era obrigatória em locais abertos, mas precisava ser usada em lugares fechados com aqueles ao ar livre em que não era possível o distanciamento social.

No sábado, Santa Catarina completa dois anos dos primeiros registros de casos de Covid-19.

“Está chegando o grande dia de nós transformarmos as normas e obrigações em recomendações, incluindo o uso de máscara que não será mais obrigatório”, disse Moisés (assista abaixo).

Em Santa Catarina, municípios como Balneário Camboriú, no Litoral Norte, Chapecó e Xaxim, no Oeste, e Brusque e Rio do Sul, no Vale do Itajaí, já haviam feito decretos que desobrigavam o uso da máscara, apesar de que, no estado, é proibido que as cidades tenham medidas menos restritivas do que as estaduais.

Núcleo da UFSC questiona medida

O Núcleo de Estudos de Economia Catarinense (Necat), da UFSC, produz boletins semanais sobre a situação da pandemia e questionou a decisão do governo. No texto, o professor Lauro Mattei citou que Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou a comprovação científica de uma nova variante que está circulando na Europa, a deltacron, uma recombinação nas variantes delta e ômicron do coronavírus.

Ele também falou sobre o aumento do número de casos no início deste ano, com “elevação expressiva do número de casos e de óbitos. Tais fatos indicam claramente que a pandemia ainda persiste, sendo necessário manter as principais medidas preventivas até que o percentual da população vacinada atinja um patamar capaz de frear a contínua propagação do novo coronavírus”.

Para o professor, a situação da vacinação é Santa Catarina é preocupante. “É alarmante o número de pessoas acima de 50 anos que deixaram de tomar a dose de reforço e, por outro, a vacinação das crianças continua num ritmo extremamente lento”, escreveu.

“Esse cenário recomenda cautela neste momento, deixando claro que ainda não é hora de relaxar com as medidas preventivas essenciais, especialmente a flexibilização do uso de máscaras em qualquer ambiente. Como dissemos ainda em novembro de 2021, o processo de controle da pandemia está sendo bastante penoso para todos, porém não se pode perder tudo o que foi conquistado até o momento pela simples pressa de se abandonar medidas preventivas comprovadamente eficazes”, concluiu.

A professora e epidemiologista do departamento de Saúde Pública da UFSC Alexandra Boing também questionou a decisão do governo e falou sobre a situação da imunização. “Santa Catarina ainda tem percentual importante de pessoas que não completaram a vacinação. Grande contingente de perda de adultos e idosos que não retornaram à segunda dose, todos os menores de 4 anos ainda não estão vacinados e ainda estamos patinando na terceira dose e na vacinação de crianças de 5 a 11 anos”.

“Além disso, sabemos que existe alguma perda de proteção das vacinas ao longo dos meses. Nesse contexto, o que pode ocorrer ao abolir o uso de máscaras é o aumento de casos novos de infecção, o aumento de risco de casos graves e o aparecimento de uma nova variante”, afirmou.

“Não existe risco zero, por isso é importante utilizarmos várias camadas de proteção. A vacina é uma camada, o distanciamento físico, outra camada, a testagem ativa é outra camada e as máscaras são mais uma camada para diminuir o risco de infecção”, declarou a professora.

Uso de máscaras pelo Brasil

São Paulo decidiu retirar a obrigatoriedade do uso de máscaras ao ar livre em todo o estado. Com a decisão, a capital paulista se junta a uma lista com outras 10 capitais que deixaram (ou marcaram uma data) para abandonar a exigência de uso, em espaços abertos, do acessório para proteger da Covid.

Pesquisadores do Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) acreditam que a liberação do uso de máscaras em ambientes fechados é uma decisão precipitada e que deveria ser realizada em etapas.

FONTE G1

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