Cobrança de pedágio em Bombinhas levanta debates sobre justiça e transparência

Por : REDAÇÃO

A cidade de Bombinhas, em Santa Catarina, volta a ser alvo de discussões acaloradas devido à cobrança da Taxa de Preservação Ambiental (TPA), um pedágio implementado em 2014 que visa arrecadar fundos para a preservação ambiental da região. Embora a justificativa oficial seja proteger o ecossistema local, críticos questionam a transparência no uso dos recursos e a efetividade da medida, reacendendo um debate sobre equidade e gestão pública.

Uma cobrança seletiva

A TPA, que incide apenas sobre visitantes que ingressam de carro na cidade durante a alta temporada, é vista por muitos como uma barreira econômica que afasta turistas. Os valores variam conforme o porte do veículo, podendo chegar a R$ 120 para ônibus de turismo. Moradores, prestadores de serviços e veículos oficiais estão isentos, o que gera uma percepção de injustiça entre aqueles que consideram a cobrança uma discriminação contra turistas.

“Quem vem para cá já movimenta a economia local pagando hospedagem, alimentação e outros serviços. Cobrar mais um pedágio é como penalizar quem escolhe visitar nossa cidade”, critica Juliana Souza, uma turista de Curitiba.

Por outro lado, moradores defendem a medida, argumentando que a cidade, que vê sua população aumentar exponencialmente no verão, precisa de recursos extras para lidar com o impacto ambiental causado pelo turismo de massa.

Transparência em xeque

A principal crítica recai sobre a gestão dos recursos arrecadados. Segundo dados da prefeitura, a TPA já gerou milhões de reais desde sua implementação. Contudo, a população ainda questiona como esses valores têm sido aplicados. Projetos de infraestrutura e preservação ambiental, como melhorias no saneamento básico, são apontados como insuficientes para justificar a magnitude da arrecadação.

“É preciso mais clareza. Queremos saber para onde vai o dinheiro, quais projetos foram realizados e quais estão previstos. Sem isso, fica difícil apoiar a medida”, argumenta Marcos Oliveira, morador de Bombinhas.

A Prefeitura garante que os recursos são direcionados para obras como a recuperação de dunas e o gerenciamento de resíduos sólidos, mas a ausência de auditorias públicas transparentes alimenta a desconfiança.

Impactos econômicos e turísticos

A cobrança também divide opiniões no setor turístico. Proprietários de pousadas e restaurantes temem que a taxa desestimule o turismo, que é a principal fonte de renda local. “Recebemos menos visitantes durante a alta temporada porque muitos preferem ir a cidades vizinhas onde não há essa cobrança”, relata Ana Ribeiro, dona de uma pousada.

Entretanto, defensores da TPA alegam que a medida atrai um turismo mais consciente e com maior poder aquisitivo, reduzindo os impactos negativos do turismo predatório.

O debate continua

A polêmica da TPA em Bombinhas reflete um dilema mais amplo enfrentado por cidades turísticas no Brasil: como equilibrar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental e a justiça social? Para muitos, a solução passa pela transparência na gestão pública e pela busca de alternativas menos excludentes para financiar a proteção do meio ambiente.

Enquanto isso, a cobrança segue dividindo opiniões, com protestos de ambos os lados e o pedido de revisão da medida sendo uma constante nas discussões políticas da região. A única certeza é que a questão continuará sendo um ponto sensível na relação entre Bombinhas e seus visitantes.

Deixe um comentário