Mulheres que Inspiram: Danielle de Lara é pioneira na neurocirurgia catarinense

O incentivo dos pais e a força para enfrentar o preconceito levaram a blumenauense a se tornar uma referência na área; ela é uma das homenageadas da terceira edição do Projeto Mulheres que Inspiram

Ser a primeira a realizar algo pode ser uma bênção ou um fardo – a escolha é de quem carrega o peso. Para a neurocirurgiã blumenauense Danielle de Lara o pioneirismo que sempre a acompanhou parece ser uma dádiva – ou uma vantagem. A primeira médica da família também foi vanguardista em outros acontecimentos da vida, que vê como degraus importantes da sua ascensão pessoal e profissional. 

Danielle de Lara tem 41 anos, é mãe e médica neurocirurgiã com especialização em Cirurgia Cerebral por vídeo na The Ohio State University, dos Estados Unidos, além de Mestre em Saúde Pública, professora da Disciplina de Neurocirurgia do curso de Medicina da FURB, supervisora do Serviço de Residência Médica em Neurocirurgia do Hospital Santa Isabel e membro internacional da Academia Americana de Neurocirurgia da Base do Crânio. 

O Projeto Mulheres que Inspiram, que está na terceira edição, conta um pouco da história da neurocirurgiã que sempre soube que gostaria de trabalhar com o corpo humano e muito conhecimento. A ação é uma iniciativa da Contax Contabilidade e Planejamento Tributário desenvolvida com o apoio da Presse Comunicação.

A dedicação para a Medicina sempre foi uma convicção para Danielle, que teve muito apoio da família em toda a jornada. Família, na verdade, é algo inerente à existência da médica. “Sou a primeira médica da minha família e tenho uma família muito presente em cada etapa dessa trajetória, sempre muito incentivada e celebrada. Meus pais sempre me fizeram crer que eu seria capaz de realizar tudo o que eu acreditasse e que não deveria me abalar pelos obstáculos e sempre seguir em frente”, relembra. 

Pioneira na formação

A escolha pela neurocirurgia também é uma marca do pioneirismo de Danielle de Lara, que foi a primeira mulher a se formar como neurocirurgiã em Santa Catarina, há quase 15 anos. A posição também trouxe os desafios de ser a primeira representante feminina a desbravar a área. 

“O principal desafio foi mostrar que quando há dedicação e paixão, seu sexo, cor da pele ou crença não fazem diferença. Todos os meus colegas, chefes e estagiários eram homens. Levou um tempinho até encontrar o meu lugar nesse universo masculino, mas também tive o apoio de muitos deles nessa caminhada ‘, avalia.

As dificuldades e barreiras que enfrentou também serviram para que ela pudesse se tornar um exemplo para outras mulheres que escolhem um caminho semelhante e que, inclusive, podem contar com ela. “Tento fazer a minha parte quando educo minha filha, como professora universitária e com meus residentes. Desde que retornei ao Brasil, nosso serviço de Neurocirurgia já formou outras três médicas neurocirurgiãs e me orgulho demais por isso”, celebra.

De cara com o preconceito

Por ter escolhido uma área de atuação que até hoje agrega mais homens que mulheres, Danielle já precisou enfrentar situações de preconceito – inclusive de pacientes. “Infelizmente, ainda existem situações em que a mulher é considerada incapaz ou inferior. Basta conversar com uma mulher que trabalhe como motorista, por exemplo. Na minha área, que é predominantemente masculina, senti e ainda sinto isso, de colegas e até mesmo pacientes. Eventualmente de forma velada, mas algumas de forma explícita, me dizendo que não se sentem seguros de serem operados por mim por eu ser mulher. E o pior, já ouvi isso de outras mulheres! A vida pessoal da mulher, especialmente da mãe, também pesa: equilibrar casa, família e profissão nem sempre é simples”, avalia. 

Apesar de enfrentar o preconceito, para a neurocirurgiã é possível mudar esse cenário com investimento em educação, oferecendo as mesmas oportunidades a meninas e meninos e incentivando o desenvolvimento racional e cultural desde a infância. 

“Há alguns anos, um estudo publicado na revista Science mostrou que a partir dos seis anos [de idade] as meninas se consideram menos ‘brilhantes’ ou menos inteligentes do que os colegas meninos. Como uma criança tão pequena pode acreditar nisso? Como vencer lá na vida adulta se na infância já nos consideramos inferiores?”, questiona, ressaltando que se considera uma eterna otimista e acredita em um futuro mais igual e justo entre mulheres e homens. 

“E cada um de nós, mulheres e homens, têm um relevante papel para que esse futuro realmente aconteça. Tento fazer a minha parte quando educo minha filha, como professora universitária e com meus residentes. Então, mulher, acredite em você e apoie outras mulheres. Ensine aos seus filhos o respeito ao outro, quem quer que ele seja. Respeite as crenças, as ideias e o trabalho alheios. E ensine seus filhos que eles são incríveis e invencíveis, sejam meninos ou meninas”, conclui. 

FONTE : NATHÁLIA HEIDORN
Presse Comunicação

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