Documentário reconstrói vida política de Eloy Gallotti

A partir de uma carta que chega a seu destino quase 50 anos depois, Heitor Caramez, filho do jornalista Eloy Gallotti, procura investigar quem foi a figura do seu pai. Toda a história está no documentário ‘Meu caro Michel’, que terá pré-estreia em Blumenau segunda-feira, dia 6 de maio, às 19h30, no Auditório Carlos Jardim da Secretaria Municipal de Cultura e Relações Institucionais (SMC). A sessão com entrada gratuita será seguida de debate com o diretor Heitor Caramez.

Através de uma montagem poética com as cartas, diários, poemas e jornais deixados por Eloy, entrevistas com familiares, amigos e colegas de jornalismo, imagens de arquivo e animações, o filme conta a sua história, apresentando também um panorama das visões políticas inseridas no embate ao Regime Militar e à produção em Florianópolis do jornal independente Afinal no começo dos anos 1980.

Eloy Gallotti (Rio de Janeiro, 1952 – Florianópolis, 1999), falecido quando Heitor tinha 12 anos, teve uma trajetória intensa nos movimentos estudantis, como professor, ativista da contracultura e jornalista. Foi membro do jornal Afinal, tabloide editado em Florianópolis entre 1980 e 1983 e ícone da imprensa alternativa, representando um papel semelhante em Santa Catarina ao jornal Pasquim em âmbito nacional.

 

Novembrada

 

Foi criado a partir da demissão coletiva dos seus membros do jornal O Estado, após a cobertura da Novembrada, episódio de confronto popular com o presidente João Figueiredo em Florianópolis, em 1979. Mais tarde, jornalistas do Afinal foram denunciados na Lei de Segurança Nacional e, civis, foram julgados por um tribunal militar, tendo sido absolvidos da acusação de propaganda adversa.

O filme parte da busca a Michel Misse, amigo de Gallotti e colega do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, para quem ele escreveu a carta que nunca havia sido entregue. Entrevista amigos do tempo da universidade, pessoas que foram duramente atingidas pela ditadura no Rio de Janeiro e mantiveram um círculo de amizade de quase cinco décadas, passa pelo autoexílio de Eloy na França, o retorno ao Brasil, a vida em Florianópolis, a Novembrada, o jornal e as agitações culturais nos bares, incluindo o Ceca – Centro Etílico, Cultural e Artístico e uma viagem à China, em 1987. Ele também fez parte da realização do julgamento Cem Anos Humilhação, na UFSC, em 1995, sobre a mudança do nome da cidade, que homenageia o marechal Floriano Peixoto (1891-1894), segundo presidente do Brasil, responsável pelo massacre de 187 opositores na Ilha de Anhatomirim.

Para essa reconstrução da multiplicidade da vida de Eloy foram feitas 30 entrevistas e mais de 40 horas de filmagem. A pesquisa incluiu buscas em inúmeros acervos, como os do Serviço Nacional de Informações (SNI) no Arquivo Nacional no Rio de Janeiro, já que todos os membros do Afinal e amigos em comum foram vigiados e fichados durante anos. O documentário preenche ainda uma lacuna nos registros do que foi a ditadura militar em Santa Catarina.

O filme cita nomes da referência da imprensa catarinense, como o chargista Bonson, do jornal O Estado, padrinho do diretor, com a animação de uma de suas charges. A foto do cartaz é do jornalista, fotógrafo e historiador Celso Martins e as fotos da cobertura da Novembrada são de Dario de Almeida Prado. A produção também fez uma das últimas entrevistas com o jornalista Carlos Damião antes do falecimento em 2022, que estará no site do projeto.

‘Meu caro Michel’ se completa com cenas ficcionais dessa busca e constitui uma homenagem afetiva e política de Heitor a seu pai, com quem ele conviveu por poucos anos. O projeto contemplado pelo Prêmio Catarinense de Cinema 2020, executado com recursos do Estado de Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense de Cultura, e com apoio técnico do NPD/IFSC Campus Florianópolis, conta com a produção da Lua Filmes e Vedere Marketing.

 

Saiba mais

 

Exibição de contrapartida social do filme

 

6 de maio

Local: Auditório Carlos Jardim – SMC (Rua XV de Novembro, 161, Centro Histórico)

Horário: 19h30

 

Ficha técnica:

 

Direção e roteiro: Heitor Caramez

Assistência de direção: Chico Caprário

Produção Executiva: Emanuelle Weber

Direção de Produção: Reno Caramori Filho

Direção de fotografia e câmera: Diego Canarin

Assistência de fotografia e câmera: Pedro Sanchez e Michele Diniz

Técnica de som direto: Marcelo Ribeiro

Direção de arte: Bruna Granucci

Pesquisa: Barbara Pettres e Heitor Caramez

Trilha sonora: Leonardo Aquino

Montagem e finalização: Rodrigo Amboni

Edição de áudio e mixagem: Heitor Caramez

Animação: Rodrigo John

Classificação indicativa: 14 anos

Duração: 85 minutos

 

Nas redes:

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Assessor de Comunicação: Sérgio Antonello

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