No futebol moderno é muita tática e pouco fundamento

O fundamento mais importante do futebol é o passe. A frase não é minha e nem nova. Não existe estratégia que sobreviva dentro de um terreno de jogo se os jogadores não souberem minimamente passar a bola. Uma das críticas que faço ao trabalho na base dos clubes brasileiros é que não dão a devida atenção aos fundamentos básicos para um menino ou menina jogar futebol. O passe, o domínio e o chute. A tática deve vir depois desses quesitos.Com o jogo cada vez mais intenso, com marcações rígidas e duras, o passe ficou ainda mais importante. Até jogadores que antes não precisavam ter um bom passe, como zagueiros e goleiros, estão sendo mais exigidos neste fundamento. Um bom passe pode romper a pressão que os adversários fazem na saída de bola. Não é casualidade que o valor de mercado dos zagueiros e goleiros que têm bom passe subiu bastante.

Acompanho futebol desde o final dos anos 60 e vi alguns gênios do passe. Pelé, o maior de todos em qualquer fundamento, Gerson, o “canhotinha de ouro”, que dava um passe de 40 metros com a mesma facilidade que um passe curto e Mário Sérgio, o “vesgo”, que brincava de passar a bola. Foi o primeiro que vi dando um passe para um lado e olhando para o outro.Ao longo desses quase 50 anos como apaixonado por futebol, presenciei muitos outros jogadores com essa habilidade: Zico, Platini, Michael Laudrup, Guardiola, Xavi, Busquets, Kroos, Xabi Alonso, Iniesta, Ronaldinho Gaúcho, Kevin De Bruyne e Messi.

E foi por causa de um passe absolutamente genial de Messi, num jogo recente do Inter Miami, que resolvi escrever essas linhas sobre o passe e a sua, muitas vezes esquecida, importância. Na minha memória futebolística eu não lembro de ter visto um passe tão espetacular. Messi estava entre sete jogadores adversários e achou Cremaschi atrás de uma multidão de pernas e braços para depois receber de volta e finalizar sem goleiro. Mesmo reconhecendo que o nível defensivo das equipes da MLS não é muito alto, não teve como não ficar maravilhado com tal obra de arte.

Passe curto, de meia distância ou longo. Passe para gol ou um para quebrar uma linha de marcação, todos são imprescindíveis para o jogo coletivo fluir. Por isso deveria ser mais exigido na formação dos jovens brasileiros. Mais do que a tática, o passe é pré-requisito básico para qualquer atleta que queira jogar profissionalmente. Se não tiver, dificilmente será um jogador ou uma jogadora de elite.

fonte :GE/ESPORTES SC 

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